Resenha - O Jogo da Imitação

Alan Turing (Benedict Cumberbatch): o "pai da computação".

Você já imaginou viver em um mundo onde não existem computadores, celulares, tablets e afins? Já pensou como seria viajar de avião, navio e, hoje em dia, em carros que não fossem controlados por computadores? Já imaginou quantos avanços na ciência não seriam possíveis sem o processamento, cada vez mais rápido, dessas máquinas? Se você, assim como eu, não consegue se imaginar num mundo sem essa tecnologia, então você deveria agradecer a Alan Turing.

Alan Mathison Turing foi um matemático inglês, nascido em 1912, que com suas pesquisas, desempenhou um papel essêncial para a criação do computador moderno. O filme O Jogo da Imitação, lançado no Brasil no dia 05 de fevereiro de 2015, conta a história de como esse gênio matemático também ajudou os Aliados a vencer a 2ª Guerra Mundial e, como consequência, salvar milhões de vidas.

Indicado ao Oscar em 8 categorias (melhor filme, melhor ator (Benedict Cumberbatch), atriz coadjuvante (Keira Knightley), direção, edição, trilha sonora, design de produção e roteiro adaptado), O Jogo da Imitação é baseado no livro "Alan Turing: The Enigma" de Andrew Hodges e conta como Alan Turing e um grupo de estudiosos (entre eles, uma mulher - Joan Clarke (Keira Knightley)) conseguiram "quebrar" os códigos secretos da máquina Enigma, utilizada pela Alemanha Nazista para a comunicação e planejamento de ataques contra os Aliados.

Brilhantemente interpretado por Benedict Cumberbatch, Alan tinha dificuldades nas relações sociais que, junto com seu jeito excêntrico, faziam com que muitas pessoas acreditassem que suas ideias na verdade fossem loucuras. São exatamente essas características que, merecidamente, fizeram que o ator Benedict Cumberbatch fosse indicado ao oscar de melhor ator.

Turing trabalhou durante a 2ª grande guerra em um projeto ultra-secreto e também mantinha seus segredos pessoais. Sua homossexualidade, considerada crime na Inglaterra na época, é mais uma importante característica a ser debatida.

Em um tempo em que intolerâncias sexuais, raciais e de gênero, são ainda tão presentes, a história de como um homossexual e uma mulher ajudaram a vencer a 2ª Guerra Mundial e a salvar milhares de vidas, é um tapa-na-cara de todos. Tal fato apenas reforça que todo preconceito ou intolerância é burrice e não pode existir.

Embora hoje reconheçamos a importância e genialidade de Alan Turing, sua vida, porém, não foi tão generosa assim com ele. Condenado pelo crime de "indecência" por ser homossexual, foi humilhado em público, impedido de acompanhar estudos sobre computadores e condenado à castração química e uso de hormônios femininos para se "curar". Diante de tamanha barbaridade, Alan Turing cometeu suicídio em 1954, aos 41 anos, após comer uma maça envenenado com cianeto.

Em minha opinião (e como se sabe, baseada em porcaria nenhuma), O Jogo da Imitação deve ganhar o Oscar de Melhor Filme. Emocionante, revoltante e estimulante (ante ante ante), sem dúvida é um filme que todos devem assistir. Por outro lado, embora tenha gostado muito da interpretação de Cumberbatch como Alan Turing, ainda acho que o prêmio de melhor ator deve ser dado para Eddie Redmayne que interpretou o astrofísico, também inglês, Stephen Hawking no filme A Teoria de Tudo (também escrevi sobre esse filme em outro post http://neurosesdeumnerd.blogspot.com.br/2015/01/reinicio-do-blog-e-teoria-de-tudo.html).

Para finalizar, transcrevo um dialogo de Alan Turing no filme sobre a questão da Inteligência Artificial e uma outra excelente frase (também presente no filme): 

"É claro que máquinas não podem pensar como as pessoas. Uma máquina é diferente de uma pessoa. Portanto, pensam de modo diferente. A questão interessante é, só porque alguma coisa pensa diferente de você, significa que ela não pensa?"

"As vezes são as pessoas que menos esperamos, que fazem as coisas que ninguém imagina."